Inverno Japonês e seus
Costumes
by Chef Roberto Festa Araújo - Publicado na Revista Alternativa - Japan
by Chef Roberto Festa Araújo - Publicado na Revista Alternativa - Japan
Ezie Still & Food Photographer
Uma boa forma de
conhecer um país e seus costumes e entendendo seu cotidiano através da cultura
e gastronomia.
Na cultura japonesa o
saquê tem muito mais significados, que simplesmente o de ser, apenas uma bebida
alcoólica... Deve estar sempre presente nas inaugurações, comemorações,
casamentos e em celebrações religiosas, como um atributo de boa sorte,
considerado no Japão, uma bebida sagrada, por ser feita a partir da fermentação
do arroz, alimento de cor branca, relacionado à prosperidade e simbolizando o
“Poder e Pureza das Divindades, de Deus ou dos Deuses”.
“Atsukan” é o nome que
se dá ao saquê aquecido antes de se beber, e quando servido dessa forma,
adquire uma maior maciez, podendo se apreciar melhor seu sabor, seus segredos,
sua personalidade e seu aroma, o “kaori”, que se exala pelo ambiente.
Para os fãs das
reuniões em casa, beber um saquê quente em companhia dos amigos é vivenciar uma
cultura diferente, através de comidas, bebidas, costumes e rituais, pode
encontrar momentos prazerosos em encher uma ou duas daquelas garrafinhas de
saquê, o “tokkuri”, coloca-las dentro de uma dessas panelas japonesas de cerâmica,
com água fervida, deixando lá por uns três a cinco minutos, tempo para que a
bebida chegue na temperatura entre 40°C a 50°C, o “atsukan” e, antes de servir,
passar a água quente nos copinhos de cerâmica, o “choko”, preparar “otsumamis”,
petiscos japoneses como: edamame, tsukemono, sashimi, karaage, gyoza, cogumelos
ou outros legumes salteados em óleo de gergelim com shoyu e outros, preparação
que já é toda uma experiência, de um “ritual” com a cultura e gastronomia
japonesa, repleta de detalhes e de rituais.
A temperatura ideal
para beber será sempre a que lhe agrada mais, entre os 40°C e 50°C mas existem
algumas regrinhas na etiqueta japonesa, que na hora de servir, nem sempre o
anfitrião precisa servir, isso não é uma regra, mas no caso de uma relação
entre chefe e subordinado, social ou comercial, o superior dentro da
hierarquia, seja o chefe, o cliente, os convidados ou homenageados, serão
sempre servidos, não importando sua idade ou sexo, não é apropriado nesses
casos, que e eles se sirvam, normalmente é servido por quem está ao lado, ou
por quem estiver mais próximo e, enquanto é servido, levanta-se o copo com o
apoio da mão esquerda, segurando-o com e a direta.
É considerado uma
cortesia e respeito, manter o copo dos convidados ou superiores sempre cheios
e, quando se faz o brinde, o “Kampai”, beber num só gole, isso demonstra
interesse de participação, respeito e hospitalidade.
Nem todos os saquês
devem ser aquecidos, como o Daiguinjo e o Guinjo, não devem ser aquecidos a
mais de 40 graus, já para se beber gelado, o mais apropriado e o Namazake.
Como o saquê é extraído
da fermentação do amido transformado em liquido, não se harmoniza muito bem com
pratos combinados com muito arroz ou massa, podendo dar aquela sensação de que
foi uma má escolha, transformando a combinação meio pesada.
O saquê mais seco,
acompanha bem os ingredientes de sabores mais picantes e agressivos, já para
comidas com sabores mais sutis, os saquês mais suaves. Se não tiver como
escapar daqueles pratos à base de frituras, ou aqueles com “gordurinhas”,
sirva-se de um Saquê mais encorpado, do tipo Junmai, de 100% de álcool extraído
do próprio arroz. Pedir uma orientação e sugestão na hora de comprar seu saquê
para aquecer, pode ajudar a preparar uma combinação mais agradável.
Uma boa dica para os
“marinheiros de primeira viagem”; _Apesar de seu buquê e paladar suave, o saquê
pode, inesperadamente derrubar os desavisados, como num golpe de samurai.
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